É um projeto de geografia onde o tempo é agora.
Um novo colo.
Um sorriso que diz «bem-vindo».
Seja Bem-vindo! O Vale dos Moinhos está dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês; situado no concelho de Terras de Bouro, na freguesia de Vilar da Veiga, entre a Vila do Gerês e a Albufeira da Caniçada. Todos os dias, a norte, diz «bom dia» à Pedra Bela, que lá no alto acima dos pináculos dos quais as nuvens tocam o rosto da serra: seduz e convida à subida, e a sul - solta um sorriso sobre as águas da albufeira e as suas pontes. De leste a oeste, muitas vezes ao ano, um arco-iris une os dois extermos e pinta o vale de várias cores. E todo o vale rejuvenesce em viva alegria, contagiando com alegria viva todos os que pisam o manto verde vivo, macio e selvagem.
Miguel Torga que um dia passou pelo Gerês também foi contagiado com viva alegria pela paisagem do Gerês.
«Devo à Paisagem as Poucas Alegrias que Tive no Mundo»
«Devo à paisagem as poucas alegrias que tive no mundo. Os homens só me deram tristezas. Ou eu nunca os entendi, ou eles nunca me entenderam. Até os mais próximos, os mais amigos, me cravaram na hora própria um espinho envenenado no coração. A terra, com os seus vestidos e as suas pregas, essa foi sempre generosa. É claro que nunca um panorama me interessou como gargarejo. É mesmo um favor que peço ao destino: que me poupe à degradação das habituais paneladas de prosa, a descrever de cor caminhos e florestas. As dobras, e as cores do chão onde firmo os pés, foram sempre no meu espírito coisas sagradas e íntimas como o amor. Falar duma encosta coberta de neve sem ter a alma branca também, retratar uma folha sem tremer como ela, olhar um abismo sem fundura nos olhos, é para mim o mesmo que gostar sem língua, ou cantar sem voz. Vivo a natureza integrado nela. De tal modo, que chego a sentir-me, em certas ocasiões, pedra, orvalho, flor ou nevoeiro. Nenhum outro espectáculo me dá semelhante plenitude e cria no meu espírito um sentido tão acabado do perfeito e do eterno. Bem sei que há gente que encontra o mesmo universo no jogo dum músculo ou na linha dum perfil. Lá está o exemplo de Miguel Angelo a demonstrá-lo. Mas eu, não. Eu declaro aqui a estas fundas e agrestes rugas de Portugal que nunca vi nada mais puro, mais gracioso, mais belo, do que um tufo de relva que fui encontrar um dia no alto das penedias da Calcedónia, no Gerez. Roma, Paris, Florença, Beethoven, Cervantes, Shakespeare... Palavra, que não troco por tudo isso o rasgão mais humilde da tua estamenha, Mãe!»
Miguel Torga, in "Diário (1942)"
Venha encostar o ouvido na serra do Gerês e ouvir os sons do mundo.
O Parque Nacional da Peneda-Gerês é considerado pela UNESCO como Reserva mundial da Biosfera. É o único parque nacional de Portugal.
A porta está aberta todo o ano.
Passe no Vale dos Moinhos.
A porta, também, está aberta todo o ano.
No Vale dos Moinhos - num passeio ou de férias - pode conhecer algumas das mais importantes árvores a nível global, comuns na nossa cultura e representativas da flora nacional e europeia, como são os castanheiros, os carvalhos, os loureiros, o negral, os sobreiros, as oliveiras, as azinheiras e as faias.
Na correnteza do rio pode sonhar e brincar enquanto os pássaros cantam o bom tempo.
Aventure-se nos caminhos secretos da natureza; aqui o mistério contínua, firmemente, intacto.
Descalce os quilómetros dos sapatos. Porque pode não fazer nada.
A melodia do vale mistura meio-dia e meia-noite.
E num instante – onde a vida é bonita! - o vale abraça.